domingo, 20 de dezembro de 2009

QUIÇÁ


*Dedicado ao multifacetado ator Ricardo Guilherme

Tua intensidade tão bela,
Esfera das vicissitudes,
De tuas virtudes...

Quanta verdade nua
Numa vaidade tamanha
Nessas sutís entranhas...

Poesia n'alma
Que acalma
Essa minha vontade de voar...

E amar sem medir,
Para viver sem mentir,
Um pensamento no ar...

Uma história, um ator,
um novo amor, um olhar...

Sua voz marcará essa minha canção
Como toda emoção que, ainda passageira
É solução certeira que me contagia

Uma história-guia donde sou sonhado.

- Triste ser aleado pelo mêi do mundo:
"Ter amor profundo é sentir-se mar".

Ricardo que insere, um cerne
Ricardo Guilherme, quiçá!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

BELEZA


Não sou tão belo feito a beleza dela
Minha beleza é bem pequena feito flor
Essa donzela de olhos claros me repele
Nem repelente expulsa o inseto do amor

Se ela soubesse que esses meus olhos escuros
Fogem de apuros, sendo puros como o mar
Mesmo que escuros são janela de minha alma
Uma alma clara cheia de amor para dar...

Será existe limites para beleza?
Será que a lindeza dela fulorá ?
Será possível outro alguém com mais encanto?
Será meu canto seta para te encontrar...


Por Deus! Uma beleza para além,
Por Deus! Ainda existe alguém assim?
Beleza que nasce a cada segundo
No fundo desse olhar, além de mim

Por Deus, tanta beleza para quem?
Doçura de um amor que não tem fim
Riqueza de quem puder enxergar
No fundo de um coração de cetim.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

De olho na cidade
enxergo-me a vontade.

Inteiramente leve.
- Postes: me carreguem em seu fio por um fio de cobre usado até a esquina que se segue!

Para os confins do mundo...
Na profundidade de um segundo.

Faça-me mais,
E que seja eu cidade,
na verdade escondida
por esse mapa da vida,
amarrotada de espaços.

E descarregue os abraços sob os ecos excluídos de nossa sociedade.

Cidade minha, cidade
Não pare de olhar para mim assim.

Casa de nós é ninguém...

A casa de ...
A casa de carne
Ai, de mim!

Casa de nós é ninguém.

Ânsia que treme e vibra sob a pele.

Desde 1996... sou três.

Dois mil e dois à dois mil e três.

Quimera!

Estética Patética
Estáltica babaca
Cultura aritimética
Gentileza que falta

Do alto tudo é chão
do chão tudo é esfera
da morte a solidão
de ilusão quimera

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

FLORBELA PARA DANIELLA

*Dedicado à Dani de Lavor


Para falar de Florbela
Quero escolher Daniella
Pelo seu cheiro de flor...

Este perfume de campo
Que sopra n’alma um encanto
No regojizo da dor

Doce irmã sóror saudade
Que em plena mocidade
De amor se consumia

Nobre sensibilidade
Numa Flor d’Alma que alarde
Contra os bardos da alegria

Se tudo ainda vale a pena
Quando a alma não é pequena
Sob o meu seio palpita

Qual o fado triste e belo
Que carrega o mistério
De uma flâmula que agita

Aquelas palavras dela
Para te dizer, Daniella
Palavras de alma-flor

Espancando de poema
Minha alma tão pequena
Encharcada de amor...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

NADA

Passa o tempo
seguem as horas
Falta de mim
tudo em você

Final de semana,
feriado

Nem dá
para entender
Que está
Tudo acabado...

Na praia o mar se calou
O sol nem nasceu hoje, amor
Nossa rede com a falta de nós
Teus abraços sempre nos meus lençóis

Tudo é tão assim sem te vê
Nada para fazer,
Tanta coisa que não tem cor
Sem os teus olhos, meu amor

Sem os teus olhos, meu amor...

Ela é Paulista

O paraíso começa na avenida da rua
E ela é paulista!

A namorada é aquela que olha pra lua
Feito pacista!

E só termina na Rua da Consolação
A esperança de paz

De quem carrega o mundo num choro-canção
De um amor que se faz...

- Ela é paulista!
- Feito pacista!
- A esperança de paz
- De um amor que se faz


O paraíso começa na avenida da rua...

Copacabana


Copacabana é mar
Todo solto no olhar
Misturando a paixão
Feito bola na areia

Revirando a cabeça
De quem canta no peito
Essa triste saudade...

Nostalgia é lembrança
Lá no fundo do peito

E em Copacabana
É que eu aceito
A distância de casa
E do amor que acha graça
Sem nenhum preconceito...

No meio da semana,
Logo depois da terça,
Em Copacabana
Que eu permaneça!

E se existe sereia
É por essas areias
de Copacabana
que ela passeia...

RITINHA

Tinha dinheiro para comer
Quando começava as roças
Só de noite se arrumava
Com aquelas roupinha que dava,
Seu jeitinho de moça prosa

As ramas tudo crescendo
Se plantando dava pé
Só o pézinho da mulher
Que na roça trabaiava
De sandalinha quebrada
Carinhava os meus pé

E quando eu dava fé
O molejo da mulher
Me levou ao pé da mesa
Parecia correnteza
Brincando de bem me quer

Preparava o café
Cafézinho com rapadura
Ai meu deus a criatura
Adoçava minha quintura
Tinha uns olhos cor de mel

Os ois dessa muié
Escorrendo em minha sina
Eu fico inventando rima
Pra saber se ela me quer

Sou poeta que fascina
Com a beleza que era dela
Vou ficar grudado nela
Até quando deus quisé

TEU

Amor,
Fugi.
Ilusão de vazio incompreensível.
Quero-te tão perto que me custa a alma.
Nada é igual.
Não tenho mais sono fora dos teus braços.
Fica e faz-me fixo.
Involúvel.
Amante.
Teu.
Amor meu.

O AMOR É SÓ


A verdade é pele

Que o desejo sele
A insanidade do amor.

O amor é utópico.
O amor é retórico.
O amor é só.

LINHAS VERDES (ou... Cumplicidade)

"sigo nas verdes linhas dos olhos
floresta do teu coração...
e os fortes caules, porto-seguro da alma,
nessa imensidão...
sinto-me viva na infinda natureza
beleza em nosso caminhar...
sei que os passáros presos nos passos ainda irão nos libertar.

fruta madura é mão que se enlaça,
e ultrapassa o tempo que há...

sigo o caminho verde dos olhos,
do amor que resiste em voltar..."

quinta-feira, 16 de julho de 2009

VANS SAPATOS

*em 29/03/2005 17:48

"Perdi ontem os meus brios...
Deixe-me arfar em desespero

Perdi, como quem perde os filhos

Como quem perde a própria vida

Perdi essa vontade de olhar o céu,
De se banhar de lua e mergulhar no mar...

Perdi as cores que pintavam as paragens de meus olhos
Da mesma forma que perdi o brilho deles

Se foi, como um desses desastres naturais

Que nos vem de repente, sem escolha nem refúgio

Quase sem chance de me voltar com vida,
De me voltar a vida que se esvai....


Sem que eu pudesse pensar

o quanto me eram tão importantes

Ainda mais que os diamantes
e os minerais mais deslumbrantes


Perdi quem me sustentava os pés
Quem me protegia dos cacos

Do caos da terra
E dos atos incrédulos de frio e fome


Senti, como quem sente a perda de um homem
Que em vida fora terno e generoso


Perdi aquilo que, de mais viçoso

A minha mocidade possuía



Como posso conformar-me em perder sorrisos?

Noites de luz da lua e violão?

Corridas diurnas nos campos e jardins?

Longas cavalgadas e a bela canção?



Aquela mesma que a ti fiz, um dia
Dia que tão feliz te possuía

Ingenuamente não me percebia...


Perdi enfim, meus sonhos

Minha verdade

Perdi assim, até minha identidade

Foram-me os dias perdidos, sem saber



Simplesmente foram como acabo de aprender

Que assim nos fazem todas as coisas nessa vida



Porém perdi de mim grande pedaço

Perdi meus pés que se negam a me sustentar

Os mesmos que me causam o embaraço

De não compreender tais laços,

Nem onde me foram parar os cadarços

Que a meus olhos não se querem mais mostrar



Perdi minha alma, agora perdida

E nem sei o que será desses meus atos

Porque eu perdi os meus sapatos..."





*Dedicado ao grande artista-plástico Vicent Van Gogh


(Ilustração: "Um par de sapatos" de Vicent Van Gogh)






OLHOS



"Olhos de crianças falam,
Olhos de crianças choram,
Choram quando falam, moram
Dentro de meus próprios olhos...

Olhos do céu são estrelas
Choram mais do que as crianças
Quando encharcam a'lma chove
Nunca perdem a esperança...

Chôro quando pára escorre
Fôlego da alma encurta
Coração calado chora
Um amor parado escuta..."

terça-feira, 14 de julho de 2009

BRANCA FULÔ



Branca fulô cantadeira encanta teu canto se bota a girar,
Se tu nasceu fulô branca segura essa saia e vem cirandar...

TUDO

*todos os direitos reservados

Tudo ficou sem graça
Amor em preto e branco
Dentro desse canto
Quero te encontrar

Tudo mudou, a praça,
O riso, a festa, a sina,
Sem essa menina vou me acabar

Tudo perdeu a graça da sua graça
Tudo correu, sentido fez fumaça
Teu cheiro, teu amparo, tua pele fina
Olhos de menina, cor do azul do mar

Tudo perdeu a graça da sua graça
Tudo correu, sentido fez fumaça
Teu cheiro, teu amparo, tua pele fina
Olhos de menina flor do meu olhar

segunda-feira, 13 de julho de 2009

CHORO DE SOL, GOSTO DE SAL N'ALMA

*em 04 de abril de 2005

Hoje o céu me acordou azul e o sol amarelo, como sempre, cheio de raios...

Diferente do branco e preto de ontem, também diferente do que esperava, pois o sol numa surpresa desenfreada, quis ver minh'alma lavada e por isso chorou.

Hoje choveu e fez sol ao mesmo tempo, como se esse sol se tornasse meu cúmplice, como só ele pôde entender.

E eu me fiz todas as cores, que o sol refletia em suas lágrimas e pintei de arco-íris os meus cabelos.

Saí.

Tomei banho de chuva de roupa e mochila e rí.
Um riso molhado e ainda fumê, mas ainda assim resplandecente.
Rí do ônibus que terminou de fazer o favor de converter-me em charco, enquanto todo resto das gentes se protegia em suas paradas, do era inevitável, do que já encharcara a alma...

A lama era creme para os cachos com cheiro de café com chocolate e meu pé o leme de meu próprio rumo.

Eu ví o céu e o sol chorou comigo e me ensinou a sorrir, esta manhã.

Quando a lua ocupar o seu lugar, estarei posta e nua para o próximo banho desta alma que o corpo aperta.

E espero nua, essa lua, que vem me afagar até o próximo sol.

CHUVA


Esse desejo que me entontece.
E como bom vinho me esquenta.
É a lembrança mais viva que ficou em mim.
Em dia chuvoso feito este, o calor do teu corpo corre em mim desesperado.
Quando o sol não amanhece com o dia e, preguiçoso, abre espaço para a chuva.
Minhas mãos procuram tuas carícias...
Neste frio embriagador, tudo em mim chove.
Até que eu vire gota, me reviro em pensamento.
Devaneio alheio a mim e tão meu.
Quanto mais chovo, ainda mais me aqueço dessa lembrança atrasada.
Minha casa é uma nuvem carregada e escura.
Sublime desejo de escorrer do céu...

DOMINGO

*À Fernanda Meirelles

Vou te contar.
Domingo pra mim é dia de dormir e acordar.
Dormir acordado. Acordar dormindo...
Domingo podia se chamar dor-min-do.

Aquele dia para bocejar.

Andar nu pela sala de casa (de preferência quando não houver visita!), só para se sentir mais... a vontade.


Quando o domingo se desperta em mim, eu vou procurar o que não fazer de algum afazer que, porventura tenha sobrado do sábado.

Há domingos mornos e calmos feito o canto de seus pássaros.
Outros porém insanos e amarrotados de vizinhos nada silenciosos.

Vizinho é coisa engraçada.
Solitários ou a moda italiana.

Tem vizinho que somente aos domingos recebem a visita de um espírito generoso que o faz pensar no domingo como “o grande dia para compartilhar o som novo do carro ou o cd da banda preferida” (geralmente forró ou funk) com toda a comunidade - sim, porque não faz muito sentido ouvir jazz, bossa ou MPB em volume que não se entenda a melodia e a letra.

Domingo me lembra dia de missa no interior.
Fico eu aqui imaginando em pleno domingo o dia de domingo no tempo de minha avó.

Quando as moças podiam ter um raro momento de... paquera? Talvez.

Como nos livros em que domingos soavam em todos os tons de sinos religiosamente dominicais.

E não teria como esquecer a imagem que sempre me vem dos domingos chuvosos repleto de anjos escorrendo pelas paredes das igrejas de um profano Nelson Rodrigues.

Esse domingo também choveu, mas eu não enxergo mais os anjos deslizantes que outrora via.

Também não freqüento mais igrejas, nem aos domingos.

Domingo agora é lei de caso e acaso, deliciosamente libertino.

Dor

Dor de morrer
De não saber
Perder de si

Dom de viver
De entender
Encontrar-se...

Que dor é essa que até cega o dom divino de amar?

Dor do querer
E por não ter
Se magoar...

Feminina


A mulher é essência, natureza
Da mais fina camada de paixão
Ela é luz que irradia de beleza
De qualquer ser humano, coração

A mulher, velha, jovem ou menina
É mistura que ensina inspiração
Sina do amor que nasce a cada hora
É saudade que chora de emoção

A mulher simplesmente é obra prima
É formosa a menina que eu vejo
Sua boca tem gosto do desejo
Só a luz dos seus olhos me anima

Quando fala me cala, ilumina
Quando cala, minha alma alucina
A menina que é toda formosura
Tem na delicadeza o dom da cura

Quando passa o balanço da cintura
É mistura de encanto e de paixão
Sua delicadeza me tortura
E acelera meu pobre coração

E eu juro que um dia inda te vejo
Entre o meu largo abraço e o doce beijo
Misturando-se ao riso o triste pranto
Dedicar a você todos os santos
Ao sabê-la perdida de desejo

Encontrar-me embebida em tuas pernas
Afagando-lhe o corpo pelos meios
E senti-la acariciar-me os seios
Na tontura do tempo que alucina

Imaginando essa voz de menina
Flor da pele desabrocha e imagina
Tanto amor para amar o que eu venero
Numa noite de luz e de mistério
Um momento de alma feminina.

Fugir e Ser

Fugir pra onde, quando quer encontrar-se
Seguir além da rua e direção
O olho, o toque, o riso, a fé e a mão
O vento, o choque, o carro, a confusão...

Prazer conhecê-la em noite de lua encantada...
Escoltada ou não, a alma reluz.
E nossos dias seguirão azuis de uma feminice inexplicável.

Boa noite dominadora, por hora dominada
pelas “águas belas” de nossa feminês...

Grata pela agradável hora, outra como esta talvez...

Nada é igual, nem se repete.

Boa noite, nada mais, nem a esperança!
O que se foi passou numa lembrança saudosa do que podia ter sido.

Grata pela passageira amizade, forte como esta saudade que me invade a alma.
Saudade do que nem existiu.
Boa noite amiga!

PANDEIRO

*imagem: Márcio Camargo



"Pandeiro bate, ritmando noite e dia
Minha alegria é repercutir-canção
Eu passo o dia relembrando uma saudade
E a noite passo vivendo na solidão...

O meu amor que me deixou, partiu sem jeito
Dentro do peito me deixou uma canção
Ao pé da porta me deixou flor amarela
E seu pandeiro talhado em minha mão

O seu sorriso está gravado na janela
E seu carinho guardado no coração."

ORGASMOS


(Orgasmos: *forma de Deus).





Saio de mim desconhecida e encontro-me alma, toda inteira.
Dispa-se a frieza e o absurdo se torna meu nome.
Porque eu vou além.
Fico aquém do mundo e por um segundo vivo milênios...

Ah, teu suspiro, meu sussurro mais breve.
Leve lareira que me aquece.
Me entontece a conta-contas...

Desejo ser negra de pele, forte e viva.
Feito bicho me espalho.
Pantera sedosa. Dona de si.

Branca sou feito a sombra pálida que me enlouquece.

Quando desejo morrer pra sempre nesse gozo eterno e divino.

Alma que pulsa no corpo.
Sangue que corre feito raio no céu feérico de minhas entranhas...
Quero a mim mesmo como a ti.
Enxergo meu próprio espelho naquilo que toda sou.

Santificada seita que me aliena.
Me toma aos passos... e em cada carícia minha consome meu sono.
Dono de mim é o desejo de amar.
Penetro-me como um conhecido-desconhecido.
Quero ser Deus e brincar de viver embebida de divindade e verdade.
Imaculada do espírito santo do meu sexo.
Aquele que chega como que sem nome e se revela íntimo na primeira dança.

Perfeição de movimento, que balança minh’alma.
Sou suor.
Em estado líquido me conheço de perto.
Tão perto que não me sou nítida, apenas sou.
Inteira, eterna e diluída na matéria que me evapora.

O vento sobra sem que a chama do corpo o sinta.
E eu diluo...
Quero ser virgem de novo para morrer pra sempre.
Todas as vezes que a minha alma se esvai.
Vaga e suspensa flutua.

Leve na rua de minhas lembranças...
E eu abro os braços, selo abraços.

Sou tudo o que quero.
O que não há já existe e insiste em me tomar.

Sou terra e semente.
Gente.
Pele.
Ar.

Orgasmos das mesmas ironias...
Espasmos do tempo.

Jovem desde o outro século.
Livro aberto nas linhas da mão.
Religião e canção abraçadas.

Sou da estrada a continuação.
Pensamento, solução.

Desejo bordô.
Sou cor.
Imensidão.

E essas palavras que trago, evangelho de meu lado mais humano.
Sou tudo o que quero e espero não mudar.
Não ligo pra grifes, pela epiderme que Deus não fabrica mais do barro...
Nem o cigarro me trás de volta.

Animais nos cercam e os ameaçamos sem entender nossos instintos.
Tu sentes, ele sente, eu sinto.

E só.

E o vento ainda sopra, sem que a chama do corpo sinta.


*Espargos JMC - de Maria Flor.

Fragmento I

“Eu sofro tanto e amo para sempre,
mas, preciso me apaixonar”

NOVO POEMA




Desabrochou a flor,
Como quem renasce do óbvio.
Ressuscitando em mim um aroma antigo...

Temo esse devaneio
Na possibilidade cega de amar
Como se já não houvesse sentido este gosto amargo do fim, naquilo que me era eterno...

Penetro no terno tempo das delícias
Que anseiam por carícias efêmeras
Nas cinturas pequenas da menina indecisa

E um novo poema, emblema das possibilidades
De mil e uma verdades...

*imagem "Boterinas 3" - retirada do blog "Guindaste" de Carol Costa.

Não me olhe.


Não me olhe mais nos olhos,
pois me são quais duas lanças
que alcança a minha alma.

Não me olhe mais nos olhos,
que esse brilho me perturba
e eu só preciso de calma.

Não me peça que enxergue essa luz,
destes teus olhos azuis,
antes viver na cegueira.

Não me queira refletida na íris da tua vida,
para tu só olhar o que queira.

Eu que me quis embebida na profundeza dos poros e pelo fundo dos olhos acreditei nesse amor.
Eu que te fiz minha querida nunca imaginei na vida de suportar essa dor.

Não enxergar-te em meus olhos é como ver nuvem sem estrela,
qual lua encoberta pela escuridão.

Despeço-me do enlaço, de mim o teu pedaço,
a luz do meu dia que virou canção.

E que estes teus olhos tão claros enxerguem,
o amor de quem segue sua inspiração.

CAMILLA (poema-canção)

Como é só ela que passeia em meu juízo
Conte pra ela do amor que fulorô
Ela é aquela, traço, pele, choro e riso
Linda donzela ciganeia meu amor

Como é que pode ser tão belo o triste fado
Se já me ardo sem saber da solidão
Um mamulengo por doçuras inspirado
Verso embalado na batida da canção

Cintila um abraço apertado
Camilla, o teu cheiro de flor
Menina, de sorriso guardado, o pecado
Minha maça-do-amor

Cintila um abraço apertado
Camilla, o teu cheiro de flor
Menina, de sorriso guardado, o pecado
Minha maça-do-amor

Como se querer bem não fosse uma loucura
Cordel dependurando as cordas da paixão
Sonho acordado cantando nosso repente
Xilogravura talhada no coração

MAS SEXO NÃO!



Pessoas preferem falar das cidades, política, física e religião.
Mas de sexo não.

Pessoas são programadas para citar sua erudição.
Mas o sexo não.

Pessoas são classificadas por sexo e sexo é uma opção.

Preconceito em questão.

Conceitos constroem defeitos, ninguém é perfeito, classificação.
É pura invenção.

Mas sexo, não.

FLOR COM OLHOS DE CÉU


Flor que nasceu cuns óio de céu
Sonhado pelo luar...
Flor fluresceu, semente
Manhã, flor de gente
No meu fulorá...

Flor quando chora
Tempera alimento
Fermento dessa paixão

Flor que devora o amor da gente
Desembocando no chão...

Flor que derrete na areia, centeia
Sereia dança no ar...

Flor que girando só deixa mudo meu canto de sereiá...

Flor girassol que em meu peito pulsa,
Expulsa os males que há...

Fulorá da aurora brota em meu peito
Segundo pra germinar...

Flor quando chora e desbota a paisagem
É a lagrima que faz o mar...
Juro jamais querer-te distante do enlaço de meu olhar...


Flor que namora a luz e o vento
Ungüento da precisão...

Sonhando flor, faço amor, ar e terra
quem dera fulorá paixão...

Flor, linda flor, caracol que desata
Matando-me de emoção
Quero fazer-te amor nesse mar
Refletido-azul-coração

Quero ofertar-te a bela donzela
Que espera reluzindo o sol...
E assim bailando em luz era ela
Fulô ôi de céu no arrebol...

SEM TI

Estou aqui.

Por ti e sem ti.

Sentindo que só estou acompanhada.

Acompanhando nossas memórias.

Vivendo de um passado que se transformou em sonho conformado.

domingo, 5 de abril de 2009

CHEIRO DE INFINITO


Menina amou menino,

que recusou seu destino de ser tão igual.


Chorou todo o mar e pôs sabor a mesa de tantas Terezas.

Que obesas ou não, não conseguiam ouvir a canção das diferenças.


Sobre o que prega o amor em tantas crenças...


José pensou no menino, que já era Deus por ter criado o mar de tanto chorar...

E não encontrou mal nenhum em amar o menino, que era todo sal.


José não gostava de comida insossa – e que a vida não nos ouça! – porque de tão velha, essa vida já não nos ouve mais como antes...


Que não nos pisem arrependidos os elefantes,

Porque meninos choram alto demais...


E não haveria quem fosse capaz de fazê-los parar.


Vamos passear pelo ar?

Feito tuiuiús, coloridos ao menos por fora.

Vam’bora embelezar a paisagem da aurora,

Com aquele cheiro de casa de avó...


Me dê a mão, que juntas se transformarão nas asas,

Das mais lindas garças...

Gracejando pelos riachos...

Pode remexer em meus cachos, que não finjo gostar, eu flutuo pelo ar!


Vem, vamos lá para aquele lugar de ninguém...

Lugar nenhum a mais de cem “milhas e milhas distante do meu amor”,

Que já não está mais me esperando

E eu fico aqui sonhando, voando alto, bem perto do céu...


Não importa até quando,

Abre essa porta e me solta daqui...

Vamos juntos descobrir quem somos.


Não estamos no lugar certo.

Vem cá!

Chega só um pouco mais perto e sente o meu cheiro de infinito...



P.S: A menina

Lá de cima

Ficou só


Até descobrir

Que o menino

Não era seu

Mas todo dele próprio


E foi parir meninas,

Clandestinas da feminês...


Para começar tudo de novo,

Outra vez...

(Pintura em óleo sobre madeira de Edgar Degas)

Caderno de versos - nº 00

Caderno de versos

Aquele que se abre
Onde se cabe
Nu.

Aquele que recebe
Que se entregue mais
Que se faz, que se jaz
Um.

Único lugar para se encontrar,
Aquele.

Por onde veremos o nosso olhar
De onde haveremos de nos enxergar
Nele.

Nosso caderno de incestos
Caderno de versos
E de solidão.

Que existe em vazios
E ignora os instintos
Só para rimar com paixão.

É nesse lugar
Que haveremos de achar
A gente.

E sobreviver
Pelo mundo sofrer
Docemente.

Nessa mesma alegria
Que nos torna poesia e canção
Que em nosso caderno
Nos sobre a inspiração

Nesse nosso caderno
Revelo,
Meus gestos.

Que esse nosso caderno
Nos suporte,
Nos supere,

Caderno de versos...