segunda-feira, 13 de julho de 2009

DOMINGO

*À Fernanda Meirelles

Vou te contar.
Domingo pra mim é dia de dormir e acordar.
Dormir acordado. Acordar dormindo...
Domingo podia se chamar dor-min-do.

Aquele dia para bocejar.

Andar nu pela sala de casa (de preferência quando não houver visita!), só para se sentir mais... a vontade.


Quando o domingo se desperta em mim, eu vou procurar o que não fazer de algum afazer que, porventura tenha sobrado do sábado.

Há domingos mornos e calmos feito o canto de seus pássaros.
Outros porém insanos e amarrotados de vizinhos nada silenciosos.

Vizinho é coisa engraçada.
Solitários ou a moda italiana.

Tem vizinho que somente aos domingos recebem a visita de um espírito generoso que o faz pensar no domingo como “o grande dia para compartilhar o som novo do carro ou o cd da banda preferida” (geralmente forró ou funk) com toda a comunidade - sim, porque não faz muito sentido ouvir jazz, bossa ou MPB em volume que não se entenda a melodia e a letra.

Domingo me lembra dia de missa no interior.
Fico eu aqui imaginando em pleno domingo o dia de domingo no tempo de minha avó.

Quando as moças podiam ter um raro momento de... paquera? Talvez.

Como nos livros em que domingos soavam em todos os tons de sinos religiosamente dominicais.

E não teria como esquecer a imagem que sempre me vem dos domingos chuvosos repleto de anjos escorrendo pelas paredes das igrejas de um profano Nelson Rodrigues.

Esse domingo também choveu, mas eu não enxergo mais os anjos deslizantes que outrora via.

Também não freqüento mais igrejas, nem aos domingos.

Domingo agora é lei de caso e acaso, deliciosamente libertino.

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*Textos de Maria Flor: todos os direitos reservados.