quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

FELIZES PARA SEMPRE

Quantas respostas virá numa música?

Um canção sobre mim,
que você não pôde ler...
Mas como poderia entender,
se eu mesma não posso ditar?

O que fazer para te encontrar numa tradução de mim?

Se te perder é ruim, não ousaria me achar.

Por onde, em que lugar,
ressoam as canções perdidas?

O que cutuca a ferida que não sara?

Por onde se ouve as melodias silenciosas?

Como entender a prosa, quando se é poesia?

Será que despertará cantando, o dia?
Será que eu te amo ou não?
Quantos acordes nos acordarão?

Quantas respostas virá numa música?

Duas chamadas, nenhuma ligação

Duas chamadas,
sem resposta,
ao mesmo tempo.

São dois tempos
que me regem.

Duas vezes louca e sana.
Duplamente plana e desnivelada.
Como que entre o dia e a noite,
sou madrugada.

Presente e passado.
Descrente e cristã.
Duas camadas amadas
sentadas em meu divã.

Duas tomadas e eu,
descarregada.

Duas anáguas para despir.
Duas em mim.
Nova ilusão.

Bifurcação por vir.
Caleifação povir.

Arrumação de si.
Reinvenção.

Mas, nenhuma ligação.

Sonha o sono

Pegou no sono e soltou-se de mim.
Esse sono traiçoeiro que te abraça e te aperta.
Trono que não desperta, numa cama boa.
Sono vira loa e virá como que numa cantiga de ninar.
E sonha o sono, como se fosse humano.

Um dia... sem pausa.

Um dia,
Você terá um amor capaz
de fazê-la distanciar-se dos pais,
para deste modo amá-los mais.

Um dia,
esse amor será a sua única companhia.

Um dia,
sua casa será a sua.

Um dia,
quando estiveres nua,
te enxergarás.

Um dia a mais,
de um outro tempo,
inseguro.

Um dia,
que cresce sem parar
e não tem como evitar.

Um dia,
que vivará uma vida,
com uma pessoa querida,
porque já não há saída
para o dia desse momento.

E porque a vida é movimento,
sem pausa.

Mãe é filha

Você mãe,
já enxergou seu filho de longe?

Onde será que se esconde sua falta?
Por onde lhe salta sua independência?
De onde vem a crença do eterno?

Que terno ele poderá usar quando casar?
Será terno o seu amor e o seu amar?

Receberá flor sua intensão?
Sobreviverá ele, à tua ausência?

Por que gerar para si,
se é do lado de fora do teu mundo que ele nasce?

Quanto durará o que estar por vir?
Como dele não sentir saudade?
E, até onde se estende o teu umbigo partido?

Desde quando esquecestes do pai, teu marido?
E onde é que tu entende que o amor é sentido de qualquer lugar?

Minha mãezinha querida, principia tua placenta e se alimenta na presença de tua mãe distante...

E em tudo aquilo que ainda haverá e virá depois,
estarão vocês dois: mãe e pai que serei.
E quando eu tiver a tua idade, sei que também como tu chorarei.

Mas entendendo que gerar é dom,
Estendendo este nosso som para o infinito,
Esperarei por tudo o que já foi dito
na voz jovem do meu filho,
Repetindo sua sina:

Porque antes de ser mãe, foste menina,
E muito antes de ser teu filho,
toda filha é o que tu és.