quinta-feira, 28 de outubro de 2010

EUTANASIADA




O meu amor por você ainda dorme em mim.
Como que num encantamento, ele ouve tudo à sua volta.

Ainda respira, mas prefiro que não acorde mais.
Ou que lhe desliguem os aparelhos, porque eu mesma, se pudesse, já o teria feito.

Falta-me forças e sigo.
Presa em meu próprio amor dormente.

Neste afeto insustentável,
não morro, nem vivo.

Eutanasiada.

ESTAR-SÓ É ESTA-DO

Não ficarei sozinha
jamais a não ser que
sozinha já esteja.

Estar-só é esta-do.

E não importa quantos estejam ao seu lado:
os casais partem e,
as metades
permanecem.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A ROÇA DE DONA IRACI


À Dona Iraci e sua família deliciosamente mineira.



Na roça de dona Iraci
se come arroz com piqui,
se joga conversa fora
ninguém nunca trampa,
só se joga tranca

Na roça de dona Iraci
todo o tempo é especial
E quando a Manu sorri
com a Carol e a Bruna
tudo é carnaval!

Os filhos de dona Iraci
têm nome de santos, como deve ser:
Gonçalo, do Carmo, das Graças,
Santo Estanislau e até do Rosário

De um sangue Vitorioso
de seu progenitor
ao coração amoroso da mãe,
são todos irmãos do amor!

Na roça de dona Iraci
tem filho, tem neto,
sobrinho e avô

E todo amigo que chega
encontra uma família
repleta de amor

A roça é colorida,
tem bicho que vira comida,
tem planta, tem fruta e tem vida
E é assim a roça de Dona Iraci!


"Cachaça envelhecida em barril
na roça, em Lafaiete é Gonçalinha!
Escorre feito rio e é assim:
da roça até a cidade,
desde a casa de dona Iraci"



O meu amor é uma história que eu inventei...





O meu amor é uma história que eu inventei.
Surgiu simples e imensamente belo, com o sol nascendo em nossa janela.

E seguiu firme, sempre acompanhado por uma estradinha de pedras minúsculas e infinitas flores. Por esta estrada, reluziram muitas cores e à noite, sobre ela, cintilavam mil estrelas...

O meu amor é uma história que eu criei e esqueci de escrever, porque o tempo não me permitiu parar para pensar nos capítulos e em cada parágrafo, me surpreendiam os momentos indizíveis.

Confundiu-se o tempo das histórias e da vida,
que eu já não sabia mais se inventada ou triste,
quão comprida me era essa felicidade inventiva de descobrir-se história.

"E até quando o amor acabava a história seguia sem fim."

O meu amor é uma história que eu sonhei que não termina nunca porque não tem começo.

Surgiu simples e imensamente belo, como o sol nascendo na janela e segue,
sempre em meio tom - centro de livro -
para que possa ser reinventada, em qualquer tempo,
pela boca menina e divina de um contador de histórias.



São Gonçalo do Brandão - MG, outubro, 2010.