domingo, 5 de abril de 2009

CHEIRO DE INFINITO


Menina amou menino,

que recusou seu destino de ser tão igual.


Chorou todo o mar e pôs sabor a mesa de tantas Terezas.

Que obesas ou não, não conseguiam ouvir a canção das diferenças.


Sobre o que prega o amor em tantas crenças...


José pensou no menino, que já era Deus por ter criado o mar de tanto chorar...

E não encontrou mal nenhum em amar o menino, que era todo sal.


José não gostava de comida insossa – e que a vida não nos ouça! – porque de tão velha, essa vida já não nos ouve mais como antes...


Que não nos pisem arrependidos os elefantes,

Porque meninos choram alto demais...


E não haveria quem fosse capaz de fazê-los parar.


Vamos passear pelo ar?

Feito tuiuiús, coloridos ao menos por fora.

Vam’bora embelezar a paisagem da aurora,

Com aquele cheiro de casa de avó...


Me dê a mão, que juntas se transformarão nas asas,

Das mais lindas garças...

Gracejando pelos riachos...

Pode remexer em meus cachos, que não finjo gostar, eu flutuo pelo ar!


Vem, vamos lá para aquele lugar de ninguém...

Lugar nenhum a mais de cem “milhas e milhas distante do meu amor”,

Que já não está mais me esperando

E eu fico aqui sonhando, voando alto, bem perto do céu...


Não importa até quando,

Abre essa porta e me solta daqui...

Vamos juntos descobrir quem somos.


Não estamos no lugar certo.

Vem cá!

Chega só um pouco mais perto e sente o meu cheiro de infinito...



P.S: A menina

Lá de cima

Ficou só


Até descobrir

Que o menino

Não era seu

Mas todo dele próprio


E foi parir meninas,

Clandestinas da feminês...


Para começar tudo de novo,

Outra vez...

(Pintura em óleo sobre madeira de Edgar Degas)

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*Textos de Maria Flor: todos os direitos reservados.